A História acontece como tragédia e se repete enquanto farsa. Karl Marx. 18 brumário

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Blog do Fernando Rodrigues - UOL Notícias


Blog do Fernando Rodrigues - UOL Notícias: "Chile e Brasil: a diferença maior é o estado da economia
Surgiram nos últimos dias muitas análises sobre as similitudes possíveis entre os processos eleitorais no Chile e no Brasil.
Michelle Bachelet e Luiz Inácio Lula da Silva têm taxas de popularidade recorde, acima de 80%. Bachelet não fez o sucessor.
Coluna de hoje na Folha arrisca-se a jogar um pouco de luz sobre um dos fatores que podem ter influindo na derrota governista no Chile: o estado da economia. Esse aspecto é o que mais separa Chile e Brasil hoje.
Aqui, no Brasil, há uma certa de euforia (sem entrar no mérito nem fazer juízo de valor a respeito da sustentabilidade do modelo). No Chile, há quase um clima de depressão sobre as perspectivas de crescimento do país. Faz toda a diferença na hora de o eleitor votar.
Eis a coluna:
FERNANDO RODRIGUES
Nuances entre Chile e Brasil
BRASÍLIA - Depois de 20 anos, o grupo ocupante do poder no Chile foi derrotado. Venceu a eleição presidencial o conservador Sebastián Piñera. Perdeu Eduardo Frei, apoiado pela atual presidente, Michelle Bachelet -cuja popularidade está na casa dos 80%.
Tucanos e petistas têm propagado analogias entre o processo eleitoral chileno e o brasileiro. No PSDB, o raciocínio hegemônico é só intuitivo. Lula tem aprovação de até 80%. Logo, não é certo que haverá transferência direta de votos do presidente para sua candidata ao Planalto, Dilma Rousseff.
Petistas rebatem. Apontam a possível fadiga de material sofrida pelo grupo de Bachelet após 20 anos contínuos no poder.
São observações políticas. Têm algum valor. Mas o aspecto mais relevante a ser considerado talvez seja outro: o estado da economia. No Chile, o clima geral é ruim.
Conforme relatou Thiago Guimarães para a Folha, o PIB chileno avançou a uma média anual de 6,6% nos anos 90. Caiu a 4,3% na primeira metade desta década. Sob Bachelet, o ritmo recuou a 2,7%. No ano passado, deve ter ocorrido queda de 1,6%. O desemprego em 2008 era de 7%. Agora está em 9%.
Ao votar, certamente o eleitor chileno levou em conta a parte mais sensível do corpo: o bolso.
No Brasil, o cenário é quase antípoda ao chileno. Quando Lula tomou posse, a taxa de desemprego rondava os 13%. Hoje, está perto de 8%. O PIB de 2009 estagnou, mas não é o recuo amargado pelos chilenos. Neste ano, o crescimento deve ficar na redondeza de 5%. Tudo coroado pelo Bolsa Família, distribuição de dinheiro a cerca de 50 milhões de pessoas pobres.
Como se observa, a condição objetiva da economia no Brasil é mais favorável ao governo. No Chile, deu-se o oposto. Essa conjuntura, por óbvio, não torna inexorável uma vitória do PT. Só é um fator não desprezível na comparação do quadro eleitoral dos dois países."

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