A História acontece como tragédia e se repete enquanto farsa. Karl Marx. 18 brumário

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Marxismo simplificado

Marx é revisitado e se transforma no oráculo de novos economistas

Um dos escritores mais vendidos na Europa nestes últimos meses, Karl Marx deixou de ser o filósofo inspirador de líderes comunistas como Lenin e Stalin para se transformar em uma espécie de oráculo para economistas que buscam uma explicação plausível para a crise dos subprimes, iniciada nos EUA, que devasta mercados e impõe perdas devastadoras para populações inteiras, a exemplo do que ocorre agora com a Grécia.

Além de buscar as causas do declínio econômico das grandes nações capitalistas do mundo, provocado por uma onda de ganância sem precedentes, o aumento significativo nas vendas dos escritos de Marx significa, para alguns analistas, uma releitura do comunismo como solução para os descaminhos da economia globalizada.

Parte-se do princípio que, para Marx, não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência. O “ser social” do homem está ligado a sua existência, aos modos de produção a que está submetido e são os modos pelos quais os homens produzem os bens materiais necessários à vida humana que são os geradores das grandes mudanças históricas.

Os homens sempre se organizaram para produzir bens. Os primitivos eram nômades, extraiam da natureza os meios para sua sobrevivência e quando a caça, os frutos, as raízes acabavam eles se transferiam para outra área. Enquanto o homem saía para caçar e colher, a mulher permanecia em “casa”. Foram elas que observaram que as plantas nasciam das sementes jogadas: era o início da agricultura e o fim da vida nômade.

Mas, para cultivar o solo e criar o gado, o homem precisou tomar posse de um determinado território: era o fim do comunismo e o começo da propriedade privada. Mesmo sendo, nas sociedades primitivas, a propriedade dos meios de produção comum e não existindo ainda o dinheiro foi nesse período que começou a propriedade privada que junto com o desenvolvimento da agricultura propiciou o acúmulo do que era produzido por algumas famílias que detinham a propriedade, quem não tinha propriedade nem meios de produção trabalhava: era o começo da luta de classes e o fim da paz na terra.

Quando o esforço de produção já tinha condições de gerar excedentes, surgiu a escravidão. Agora uma minoria detém os meios de produção e, por consequência, é dona da força de trabalho e do produto do trabalho. A condição natural do homem não é a escravidão, então logo surgem também as revoltas. Para proteger os proprietários das revoltas dos escravos surgiu o Estado.

Quando Igreja Católica e Estado se unem surgem os servos. A Igreja pregava a obediência dos servos aos senhores e o respeito à autoridade real que provinha de Deus.

Os donos das terras detinham o poder econômico e político, faziam as leis, é o Estado cumprindo o seu papel: defender os detentores dos meios de produção. Aos servos que não eram escravos, restava trabalhar nas terras do senhor tendo alguns dias para trabalhar para si, não podendo abandonar o feudo em que nascera.

A partir do séc. XIV, começa a se constituir o capitalismo. A situação do escravo que se tornou servo que agora é assalariado, segundo Marx, é melhor, mas longe do que se pode chamar de liberdade. O modo de produção capitalista tem por finalidade obter lucro e aumentar o capital. A riqueza do proprietário advém não da venda do produto mas da mais-valia que é a diferença entre o que o operário produz e o que lhe é pago por essa produção.

A distribuição de consumo desigual devido aos homens ocuparem postos ou lugares no mundo do trabalho é responsável pelo aparecimento das classes sociais.

Para Marx, a “base real” da igualdade e da liberdade é o processo do valor de troca. Toda mercadoria deve ser levada ao mercado para ser trocada. E para que essa mercadoria possa ser trocada é necessário uma relação entre proprietários que, de livre e espontânea vontade (liberdade) e em condições de igualdade, efetuem a troca. Esta é uma relação de compra e venda entre o proprietário do meio de produção e o trabalhador, proprietário da força de trabalho. A celebração de um contrato pressupõe capacidade jurídica, liberdade e igualdade.

O assalariado tem uma ilusão de liberdade e igualdade quando assina o contrato de trabalho. Ele não tem a liberdade de vender ou não sua força de trabalho, ou vende por quanto o proprietário deseja pagar ou morre de fome. O contrato não lhe permite decidir sobre o que vai produzir e em que condições, não escolhe o horário, o ritmo de trabalho, não decido sobre salário, não projeta o que vai ser feito é comandado de fora, por forças estranhas a ele.

Entrega, assim, a única coisa que lhe pertence: a força de trabalho; perde a posse de seu produto, perde-se a si mesmo, já não é mais a referência de si mesmo: é um alienado. Sua “livre vontade” não passa de coação legalizada. A igualdade e liberdade que legalmente existe não passa de ilusão criada pelo capitalismo que manipulou e manipula as leis, a política e todo o sistema.

domingo, 25 de abril de 2010

James Taylor & Carole King - You've Got a Friend (HQ) (Uploaded by Torni...



When you're down and troubled Quando você estiver abatida(o) e preocupada(o)
and you need a helping hand E precisar de uma ajuda,
and nothing, ooh, nothing is going right. E nada, nada estiver dando certo,
Close your eyes and think of me Feche seus olhos e pense em mim
and soon I will be there E logo eu estarei aí
to brighten up even your darkest nights. Para iluminar até mesmo suas noites mais sombrias.

You just call out my name, Apenas chame alto meu nome
and you know wherever I am E você sabe, onde quer que eu esteja
I'll come running, oh yeah baby Eu virei correndo
to see you again. Para te encontrar novamente.
Winter, spring, summer or fall, Inverno, primavera, verão ou outono,
all you have to do is call Tudo que você tem de fazer é chamar.
and I'll be there, yeah, yeah, yeah E eu estarei lá, sim, sim, sim,
You've got a friend. Você tem um amigo.

If the sky above you Se o céu acima de você
should turn dark and full of clouds Tornar-se escuro e cheio de nuvens
and that old north wind should begin to blow E aquele antigo vento norte começar a soprar,
Keep your head together and call my name out loud Mantenha sua cabeça sã e chame meu nome em voz alta
and soon I will be knocking upon your door. E logo eu estarei batendo na sua porta.
You just call out my name, Apenas chame meu nome
and you know where ever I am E você sabe, onde quer que eu esteja
I'll come running to see you again. Eu virei correndo para te encontrar novamente.
Winter, spring, summer or fall, Inverno, primavera, verão ou outono,
all you go to do is call Tudo que você tem de fazer é chamar
and I'll be there, yeah, yeah, yeah E eu estarei lá, sim, sim, sim.

Hey, ain't it good to know that you've got a friend? Ei, não é bom saber que você tem um amigo?
People can be so cold. As pessoas podem ser tão frias,
They'll hurt you and desert you. Elas te magoarão e te abandonarão
Well they'll take your soul if you let them. E então elas tomarão sua alma se você permitir-lhes.
Oh yeah, but don't you let them. Oh, sim, mas não permita-lhes.

You just call out my name, Apenas chame alto meu nome
and you know wherever I am E você sabe, onde quer que eu esteja
I'll come running to see you again. Eu virei correndo para te encontrar novamente.
Oh babe, don't you know that, Você não entende que
Winter, spring, summer or fall, Inverno, primavera, verão ou outono,
Hey now, all you've go to do is call. Ei, agora tudo que você tem a fazer é chamar?
Lord, I'll be there, yes Iwill. Senhor, eu estarei lá, sim eu estarei,
You've got a friend. Você tem um amigo,
You've got a friend. Você tem um amigo.
Ain't it good to know you've got a friend. Não é bom saber? Você tem um amigo...
Ain't it good to know you've got a friend. Não é bom saber? Você tem um amigo...
You've got a friend. Você tem um amigo...

domingo, 18 de abril de 2010

A antecipação do salário mínimo

A antecipação do salário mínimo.
Imagine um salário de 500 reais com antecipação do reajuste de Maio pra Janeiro de 50,00 Reais.
Imagine que se coloque estas 4 antecipações de 50,00 em uma poupança = 200,00 Reais
Ora, com a correção e o ganho em cima da inflação teremos cerca de meio salário ano de abono.
Seria um ganho? Considerável? Qual grandeza deste "abono"?
Fala-se na recuperação do mínimo como ajuda pelo Brasil ter tido menos problemas com a crise. Qual o impacto deste "abono"?.
Se realmente foi um ganho considerável para o trabalhador por que não seguir com esta antecipação, mês a mês para cada ano? Sabe-se que a classe empresarial não "chiou" com esta antecipação. então mãos à obra. que se continue antecipando.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Brincadeiras escondidas no Firefox (Colunistas)

Brincadeiras escondidas no Firefox (Colunistas)

http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=easter+eggs+windows+xp&sourceid=navclient-ff&rlz=1B3GGGL_pt-BRBR347BR347&ie=UTF-8&aq=4&oq=easter 


http://vomicae.net/curiosidades/windows-xp-e-seus-easter-eggs/

LULA FOI CONTINUIDADE DE FHC



EMPREGO                                              FHC                                 LULA
Média Anual de empregos gerados      99.625                            1.245.857
Média Mensal de empregos gerados      8.302                               103.821


DESEMPREGO

DÍVIDA PÚBLICA / PIB                                                    FHC                                      LULA
Média Crescimento PIB                         2,29%                                       3,47%
Evolução Relação Dívida/PIB              29,35% – 50,47%   (+ 72%)      50,47% – 44,78%   (-11%)

salario                                                       LULA                                  FHC
                             
Maior Salário Mínimo em dólar em 8 anos de governo U$ 296,17 em janeiro de 2010 U$ 113,05 em Maio de 1998
Variação da relação salário mínimo/cesta básica 1,42 – 2,17  – > 53% 1,02 – 1,42  – > 39%
Ganho Real do Salário (Aumento – Inflação) 101% 85%

MISÉRIA (Até 2002 não eram computadas as populações rurais dos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, o que melhora de sobremaneira a eficiencia dos mandatos de Lula)





Indicadores Econômicos




Variação PIB




JUROS E INFLAÇÃO



fonte e suas fontes:

http://www.gmpconsult.com.br/blogdolen/?page_id=300

Cotação dolar histórica - Banco Central do Brasil
Série histórica salário mínimo - Portal Brasil
Série histórica inflação IPCA - IBGE
Série histórica relação Salário mínimo x cestas básicas – DIEESE
Inflação baseada na série histórica do IPCA do IBGE.
Dolar – cotação BC venda flutuante ou venda, dependendo da época pesquisada.
Com base na última previsão do BC para 2010 com IPCA de 4,5%.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

RIDLLES

Quem já jogou Ridlles?

http://www.lautman.net/riddlesofriddles/blast.htm

Pelados em Santos - Mamonas Assassinas

Elton John-Crocodile Rock

Mark Knopfler & Eric Clapton - Sultan of Swing

A fazendo do Lulinha



História da fazenda de FHC


Por Errico Sabaté 31/03/2002 à
Ocupada, na semana passada, por trabalhadores rurais sem terra, a Fazenda Córrego da Ponte, atualmente registrada nos nomes dos filhos do presidente da República, tem uma história que precisa ser conhecida.


Fazenda Caixa Dois


Hamilton Octavio de Souza


Ocupada, na semana passada, por trabalhadores rurais sem terra, a Fazenda Córrego da Ponte, atualmente registrada nos nomes dos filhos do presidente da República, tem uma história que precisa ser conhecida.


Na campanha eleitoral de 1985, até umas duas semanas antes da eleição o candidato Fernando Henrique Cardoso estava disparado ? nas pesquisas ? à frente de seu adversário mais direto, Jânio Quadros, que acabou levando a Prefeitura de São Paulo.


Mas, de qualquer maneira, a campanha de FHC recebeu uma excelente injeção de dinheiro do empresariado paulistano, certo de que se estava apostando no cavalo vencedor. Ele perdeu a eleição, mas terminou a campanha com boa grana em caixa ? no caixa dois, é claro, coordenado pelo amigo inseparável Sérgio Motta.


No ano seguinte, em 1986, nova campanha eleitoral. FHC concorreu e ganhou uma das duas vagas para o Senado, com bem menos votos que o senador Mário Covas. Mas, de novo, FHC teve uma campanha abastada e com boa contribuição do empresariado paulista. Mais uma vez, o mala preta foi o Sérgio Motta.


Dois ou três anos depois surgiram as primeiras notícias de que FHC e Sérgio Motta haviam se tornado proprietários de uma fazenda no noroeste de Minas Gerais. FHC, na época, tinha remuneração de senador e de professor aposentado da USP.


No início dos anos 90, a revista ?Isto É? publicou uma matéria sobre a tal fazenda de sociedade de FHC e Sérgio Motta, na qual se afirmava que o contrato de compra e venda havia sido subfaturado (colocado em preço inferior ao da negociação e do mercado) para justificar a situação de renda do professor e senador Fernando Henrique Cardoso. Essa matéria não foi desmentida e também não provocou qualquer investigação do Ministério Público ou da Receita Federal.


A matéria apenas reforçou a versão corrente nos meios políticos de que a fazenda havia sido comprada com as sobras das campanhas eleitorais de 85 e 86, administradas pelo amigo e sócio Sérgio Motta. Ou seja, a grana do caixa dois deveria ter sido contabilizada no caixa geral do PMDB partido de FHC na época das eleições, mas acabou virando propriedade privada.


Com a morte de Sérgio Motta, o presidente FHC fez acerto com a viúva Wilma Motta e acabou ficando com a parte do ex-mala preta Sérgio Motta na fazenda. Logo em seguida, o presidente passou a fazenda para os nomes do filhos, embora seja de sua propriedade, pois é ele quem usa e manda no pedaço.


A imprensa chapa branca, naturalmente, incorporou essa operação toda sem maiores questionamentos. Tanto é que trata da fazenda como sendo dos filhos do presidente e nem questiona porque ela deveria ter proteção especial com status presidencial. E jamais foi atrás investigar como a fazenda foi adquirida.


O acerto com a viúva Motta envolve também imóveis em Paris, mas isso é outra história. O que precisa ficar claro é que a fazenda ocupada pelos trabalhadores sem terra é apenas um bem simbólico ? a fazenda do presidente ? que foi obtido de forma ilícita, como tantas fazendas apropriadas pelas elites espertinhas do País. Na verdade, a propriedade deveria ser chamada mais adequadamente de Fazenda Caixa Dois, em homenagem à sua origem.


***


Hamilton Octavio de Souza é jornalista e professor de Jornalismo da PUC-SP.

sábado, 10 de abril de 2010

BABAQUICES, PULHAS, ENGODOS, HOAXES ETC


Inclusões recentes:


Pulhas virtuais: boatos, lendas, falsos vírus e meias verdades
O mundo das lendas e pulhas virtuais da Internet é vasto e curioso. Existem as lendas que se estabelecem em páginas da web e as que vivem a percorrer as caixas de mensagens dos usuários. Em alguns casos, uma coisa leva à outra.
À vezes, uma pessoa mais criativa e espirituosa cria uma brincadeira, uma piada, põe isso num página da web e logo a história se espalha como verdade e passa a provocar a ira dos defensores disso e daquilo.

É o caso dos bonsai kitten que provocou onda de protestos em todo o mundo e motivou a criação de abaixo-assinados inconseqüentes.
Em outubro de 2002, sugiram as mensagens dizendo que a música Aserehe (ou Ragatanga), um sucesso do grupo Rouge, é um "mantra que cultua as forças satânicas". A música é uma adaptação brasileira de Aserejé, grande sucesso (em 2003) do grupo espanhol Las Ketchup.

O texto da mensagem de alerta sobre a música Aserehe (ou Aserejé) é ridículo, não encontra nenhuma sustentação mas chegou a impressionar muita gente.
Há os casos de piadas envolvendo um termo científico como o monóxido de dihidrogênio, substância também conhecida como ácido hidroxílico e que o vulgo insiste em chamar de água. Essa terrível substância, de efeitos devastadores sobre o meio ambiente, estaria em vias de produzir uma hecatombe mundial e extinguir a vida sobre a face da terra.
O caso da água, perdão, do monóxido de dihidrogênio é típico da meia-verdade, e meia-mentira, muito comuns nessas lendas. Os riscos e perigos mencionados na mensagem são reais: erosão, queimaduras na pele, oxidação de metais.
O fato de a mensagem conter um termo complicado, uma palavra desconhecida ou mesmo inventada garante a ela o passaporte para as caixas de mensagens de meio mundo. A prolifermilonema, suposta substância alucinógena, deixa resíduos nas narinas de suas vítimas e, segundo o doutor Fulano de Tal, pode provocar a morte. Nenhum dois existe: nem a substância nem o doutor.
O Fenofinol Ameído e o Voliteral, substâncias inexistentes, causariam doenças nos consumidores de refrigerante.
Verdade ou mentira?
Diante dessa mistura de mentiras, meias-verdades (e meias-mentiras) e coisas reais às vezes fica difícil saber o que é falso e o que é verdadeiro. A profusão de mensagens de falsos alertas é tal que às vezes uma coisa verídica é tomada como suspeita ou falsa e vem a pergunta:
Afinal de contas, a Fenilpropanolamina foi proibida? Essa tal "carta social" existe? E as fotos de Rachel Whitear são verdadeiras? Veja o quadro Verdades.
O governo, de FHC ou de qualquer outro presidente, quer mesmo acabar com o décimo terceiro e com a licença maternidade? Estão querendo aumentar a área de desmatamento da Amazônia? Veja o quadro Meias-verdades/meias-mentiras.
Falsos vírus
Desmascarar essas lendas e pulhas virtuais é um pouco mais fácil quando a mensagem anuncia um falso vírus, pois ele é sempre destruidor: o mais terrível e devastador de todos. Apaga o HD ou o reparte em pedaços, "come" as informações e destrói o computador, destrói a zero os setores do disco rígido e jamais se descobriu o antivírus adequado. Além disso, o tal vírus apareceu "ontem" ou "na semana passada" e a AOL, a Microsoft, a INTEL e a CNN já confirmaram a sua periculosidade.
Mesmo sendo falsos, esses vírus inexistentes provocam riscos e prejuízos. O custo de perder tempo dando atenção a lixo e de apagar e ter de repor os arquivos jdbgmgr.exe e sulfnbk.exe, por exemplo. E o risco de confundir falsos vírus com vírus verdadeiros, deixar-se contaminar e aí os prejuízos podem ser elevados.
Os comentários contidos nestas páginas destinam-se a prevenir maiores prejuízos e também a tentar despertar uma consciência crítica para se evitar a dar crédito, de imediato, a tudo o que aparece na Internet.
Nesta versão, além das análises dos falsos vírus, das lendas e dos boatos estão presentes mais duas categorias: verdades e meias-verdades/meias-mentiras.
Um aviso aos que têm o hábito de passar adiante mensagens desse tipo: a credibilidade de quem passa tais mensagens adiante fica comprometida.
Em uma lista de negócios que eu assino, vi a seguinte mensagem destinada a um dos participantes que havia postado mensagem contendo um desses boatos: "Não foi você que enviou aquela história sobre ... e também aquela outra sobre a ...?"
Verdades

Impressoras tagarelas. Códigos dissimulados impressos nas páginas coloridas informam data e hora da impressão e mais o número de série da impressora laser ou jato de tinta.
O Projeto de Lei 5476/2001 existe e propõe o cancelamento da assinatura do telefone fixo.
Poupança fraterna. Deputado apresenta projeto estabelecendo limite máximo de consumo para o brasileiro.
Mensagem subliminar no comercial da cerveja Schin. Parece ter sido uma brincaderia, algo como os 'ovos de páscoa' que os programadores de computador costumam fazer.
Não prenda o telefone no ombro com a cabeça. Psiquiatra francês passou uma hora ao telefone prendendo o fone entre o ombro e a cabeça. Sofreu derrame, perdeu, temporariamente a visão do olho esquerdo e teve problemas de fala.
Jacqueline Saburido. Na cidade de Austin, Texas - EUA, motorista bêbado provoca acidente e desfigura uma jovem venezuelana.
Condoleezza Rice era o nome de um petroleiro (oil tanker) assim denominado pela Chevron Corporation em homenagem à fiel funcionária nomeada, por George W. Bush, Conselheira de Segurança Nacional dos EUA.
Obrigado, presidente Bush, por Paulo Coelho. No dia 17 de março de 2003, o prestigiado escritor brasileiro Paulo Coelho publicou, no jornal Le Monde, artigo criticando a invasão do Iraque que viria a ocorrer dois dias depois.
Nigerianos condenados à morte por apedrejamento: a Sharia (ou Charia), lei islâmica, condena adúlteros à morte por apedrejamento e os ladrões têm as mãos amputadas.
theanimalrescuesite.com thehungersite.com
thebreastcancersite.com therainforestsite.com
thechildhealthsite.com
Todos os sites acima pertencem a um mesmo grupo, são hospedados em um mesmo provedor e são da cidade de Seattle - WA, Estados Unidos.
Cada vez que o visitante clica no botão clikc daily, click every day ou semelhante, surge página com mensagens publicitárias.
O site destina 75% da renda da publicidade vendida para a finalidade indicada: apoio a crianças carentes, resgate de animais, defesa das florestas tropicais, doação de alimentos ou exames gratuitos de mamografia.
Mas se você quer fazer uma doação, não deixe de ir até os saites:
Beba Leite
Click Fome
Clique Semi-árido
Clickárvore

São brasileiros e não lhe custa nada uma visita.
O vírus Bugbear existe e é perigoso.
A borra de café é uma solução caseira no combate ao Aedes aegypti e à dengue. Mas veja a dosagem.
A proibição da fenilpropanolamina (e não fenilpropalamina como diz a mensagem em circulação). Resolução da ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária de 8 de novembro de 2000 e publicada no DOU de 10/11/2000 proíbe "... a fabricação, a distribuição, a comercialização/ venda e a dispensação dos medicamentos que contenham em sua fórmula, isolada ou associada, a substância FENILPROPANOLAMINA e seus sais.
As fotos de Rachel Whitear, vítima de overdose de heroína. Os sites da BBC, The Observer e DrugScope apresentam o caso como verdadeiro.
Aquisição de medicamentos importados. A Fundação Rubem Berta - FRB, em parceria com a Varig, recebe encomendas para compra de medicamentos não fabricados no Brasil . Ao visitar a página da FRB, clique na imagem Serviço Humanitário de Medicamentos e você vai encontrar as Premissas e Procedimentos do serviço. Com a falência da Varig, as coisa mudaram.
A carta social é um Serviço Postal prestado pela ECT com o objetivo de facilitar o acesso aos serviços postais das camadas menos favorecidas de nossa população.
O golpe dos nigerianos, a fraude da antecipação de pagamentos. Além da Nigéria outros países são mencionados: Afeganistão, África do Sul, Benin, Congo, Costa do Marfim, Ghana, Serra Leoa e Zimbábue.
As loterias Global Crossingsa da África do Sul e a Simunye South African Lottery e a holandesa EUROLITE BV são variantes desse golpe.
Meias-verdades/meias-mentiras
A doença de Paget é um tipo (raro) de câncer de mama. O caso relatado é duvidoso.
O artigo O mundo para todos ou A Internacionalização do Mundo é de autoria do senador Cristovam Buarque e foi publicado em dois jornais brasileiros. O texto não foi publicado em jornais estrangeiros.
Ninhada de seis cães golden retriever. Em algum país da Europa, alguém mandou uma mensagem oferecendo seis filhotes. Isso foi em 2001 e os animais já encontraram novos donos.
Aquecendo água no forno de microondas: existe o risco de acidentes, mas não há registro da ocorrência relatada na mensagem dizendo que "Há cinco dias atrás meu filho de 26 anos decidiu beber uma xícara de café instantâneo...."
A Lei 3.359 proíbe a cobrança de depósito para internamento hospitalar na rede privada apenas na cidade do Rio de janeiro, pois é uma Lei Municipal. Projeto de Lei do Senado nº 95 de 2001 (PLS 95 2001) possui teor equivalente e, se aprovado, terá validade em todo o país.
Resolução Normativa Nº 44, de 24/08/2003 da Agência Nacional de Saúde determina:
Art. 1º Fica vedada, em qualquer situação, a exigência, por parte dos prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente à prestação do serviço.
Mensagem menciona mais um dos muitos casos de nepotismo na adminstração pública brasileira, mas o dentista-segurança do TJDF não é um dos assassinos do índio Pataxó Galdino Jesus dos Santos.
Easy Date ou "boa noite, Cinderela": o golpe existe, mas não há registro do caso relatado na mensagem.
Acidentes com celulares durante o abastecimento de veículos: existe a possibilidade, mas a Shell não divulgou o tal alerta nem há registros dos acidentes mencionados.
Em novembro de 2007, ocorreu acidente com caminhão tanque provocado por celular.
Os riscos de assaltos e seqüestros existem em todo o Brasil e não somente nas proximidades da marginal em São Paulo. Não há registro do fato tal como descrito na mensagem, mas isso não significa que não se deve ter muito cuidado ao trafegar pelas ruas e estradas brasileiras.
O Congresso Nacional vai votar projeto propondo a redução de cinqüenta por cento da floresta amazônica. O Projeto de Lei PL-2398/1996 de deputado do PTB de Roraima propõe que o desmatamento seja de setenta e cinco por cento. Muito mais do que o indignado alerta da mensagem.
Dentro do seu programa de flexibilização das relações trabalhistas, a Presidência da República, nos tempos de FHC, enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei 5.483/2001 que altera o Artigo 618 da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho. Esse Projeto de Lei foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 04 de dezembro de 2001 e enviado ao Senado Federal em 06 de dezembro de 2001. Muito tempo depois, muita gente ainda envia mensagem falando sobre deputados que estariam tentando aprovar o tal Projeto de Lei.
Telefone celular-revólver ou celular-pistola (cell phone gun). Mensagem assinada por um incerto Capitão Francisco fala de um telefone celular que dá tiros. O noticiário internacional confirma a existência da arma. Aqui no Brasil, se desconhecem o signatário da mensagem bem como as apreensões mencionadas.



sexta-feira, 9 de abril de 2010

India Times: Lula, “o cara”

India Times: Lula, “o cara” | Viomundo - O que você não vê na mídia

India Times: Lula, “o cara”

Why Lula Is The Man

Shobhan Saxena, Apr 9, 2010, 12.00am IST

do Times da Índia,

Brasília — Recentemente, a secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton pressionou o presidente brasileiro Lula da Silva para que o Brasil se juntasse aos Estados Unidos na imposição de novas sanções contra o Irã. Lula rebateu Clinton dizendo que “não é prudente empurrar o Irã contra a parede”. Não é o que Clinton gostaria de ter ouvido de um país que tem um dos assentos não permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas e faz lobby por um assento permanente.

Subsequentemente, em Tel Aviv, Lula chocou líderes israelenses por se negar a visitar o túmulo do pai do sionismo, Theodore Herzl. Em maio, Lula vai ao Irã para se encontrar com o presidente Ahmadinejad, uma decisão que jornais dos Estados Unidos descreveram como “não representativa de um país que aspira ser considerado um igual entre os líderes do mundo”. Lula está agindo como um líder mundial?

Caçoado pelos comentaristas do Brasil por sua gramática imprecisa, Lula se tornou um hit no palco mundial com seu estilo de homem comum. Na cúpula financeira sobre a crise global em Londres, no ano passado, ao ver Lula o presidente Barack Obama gritou: “Lá está o meu cara. Eu amo esse cara. Ele é o político mais popular da terra”. As declarações de Obama foram feitas apenas alguns dias depois do brasileiro ter atribuído a crise global ao “comportamente irracional dos brancos de olhos azuis que antes da crise pareciam saber tudo sobre economia”. As declarações de Lula fizeram a elite brasileira ranger os dentes.

A nove meses de deixar o poder, Lula viaja o mundo atacando a ONU pelo “sistema de castas”, o mundo rico em Copenhagen e em campanha por um maior papel global para “poderes emergentes” e pregando o “diálogo” com o Irã. Isso fez alguns observadores ocidentais se perguntarem se ele está seguindo os passos de Hugo Chávez como “gladiador da batalha antiimperialista”.

Nada mais distante da realidade. Lula se tornou um herói em casa e um estadista no mundo por razões genuínas. No Brasil, sua taxa de aprovação está em 76%, um recorde para um presidente em fim de mandato. Sua conquistas domésticas foram sem precedentes: desde 2003, ele mais que dobrou o salário mínimo para o equivalente a 300 dólares, ajudou a tirar 20 milhões de brasileiros da pobreza e derrubou a dívida pública para 35% do PIB (de 55%). No ano passado, os reais brasileiros foram a quinta moeda com melhor performance do mundo, a inflação caiu para 4% e o país navegou pela crise econômica mundial quase sem danos.

Graças aos programas sociais de Lula, os maiores beneficiários do crescimento foram os pobres para os quais o presidente, que cresceu engraxando sapatos e dividindo um quarto com a mãe e oito irmãos, é um símbolo de esperança. A popularidade de Lula é tão grande que ele até recebeu crédito pela descoberta de petróleo na costa do Brasil.

O país pode se tornar em breve o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e Lula já anunciou planos para gastar a renda do petróleo com programas contra a pobreza.

Naturalmente, Lula cometeu erros. Houve escândalos no governo e ele tem sido criticado pela esquerda do Partido dos Trabalhadores por ter se movido “muito para o Centro”. Mas ninguém questiona sua maior conquista: o posicionamento do Brasil no mundo. Lula converteu o músculo econômico em influência global ao promover o comércio “sul-sul” e crescentes ligações políticas com países em desenvolvimento. O que explica suas posições sobre o Irã, com o qual o comércio do Brasil cresceu 40% desde 2003. A químic com Ahmadinejad é tão boa que Obama pediu ao Brasil que medie as relações do Irã com os Estados Unidos, algo que Lula adoraria fazer. Na passagem por Tel Aviv, Lula sugeriu “alguem com neutralidade” para mediar o processo de paz no Oriente Médio. E ele não queria dizer Tony Blair.

Uma vez caçoado pela elite que bebe caipirinha em Copacabana, que “temia” que Lula poderia envergonhar o Brasil no exterior, o ex-operário metalúrgico tem demonstrando um domínio sólido da política externa. Durante seu primeiro mandato, ele trabalhou por relações mais próximas com a Índia, a China e a África do Sul.

Hoje a China, não os Estados Unidos, é o maior parceiro comercial do Brasil. Jogando um papel crucial na criação da IBSA e da BASIC, dois grupos envolvendo o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul, Lula se tornou a voz mais forte das nações emergentes em questões globais como as mudanças do clima e a crise financeira. Com o movimento dos não-alinhados morto, esses grupos se tornaram a voz da Ásia, da África e da América Latina em questões globais. Descrevendo Lula como “uma referência para os países emergentes e também para o mundo em desenvolvimento”, em 2009 um importante jornal francês escolheu Lula como “homem do ano”.

Lula é o homem do momento porque ele seguiu uma fórmula simples, a de reforçar a economia doméstica, desligando o sistema financeiro do Brasil dos Estados Unidos, cultivando relações com países emergentes e seguindo uma política externa independente. E é por isso que ele pode falar o que quer em qualquer assunto.

Chamem de sorte, mas a falta de líderes carismáticos em outras nações emergentes também ajudou. Hoje, a China e a Índia são lideradas por tecnocratas, não por líderes de massa, a África do Sul não produziu um líder conhecido desde Nelson Mandela e o presidente da Rússia Vladimir Putin não tem as credenciais democráticas. Neste cenário, Lula agarrou a oportunidade com as duas mãos. Um líder indiano com imaginação poderia ter escrito este papel para si próprio.

terça-feira, 6 de abril de 2010




A IDADE DAS TREVAS



A PRECARIZAÇÃO DO ESTADO

A assunção do tucanato ao poder, em 1994, trouxe ao cenário político nacional não apenas FHC, com seu jeito melífluo e convincente de ser. Não. Trouxe um establishment político‑ideológico‑industrial‑corporativo‑colonial que assumiu os postos de comando do Estado com um apetite jamais visto! Como uma horda de nômades mongóis que chegasse ao conforto urbano, os tucanos plugaram suas ventosas sobre as instâncias decisórias e os cargos da República e passaram a sugar, para si e seus correlatos da iniciativa privada, os recursos do Estado com uma sanha que deixaria os velociraptors colonialistas da Era Bush, Wolfovitz à frente, corados de vergonha!

Como justificativa desse assalto ao aparelho do Estado, os tucanos precisavam de um imbricamento ideológico que lhes desse suporte teórico ao desmanche do conceito e das estruturas do Estado! Com Sérgio "Trator" Mota à frente, os ideólogos do tucanato criaram e difundiram à exaustão, via mídia domesticada e partícipe, a tese de que o Estado era ineficiente, perdulário e inepto! Em contraponto, surgiram os príncipes privatistas tucanos, personificados em Ricardo "No Limite da Irresponsabilidade" Sérgio e em Luiz Carlos Mendonça de Barros, afirmando que a salvação da lavoura e do Estado era o fim do próprio Estado! Eram os arautos do Deus Mercado, tatcheristas tupiniquins e temporões, que vinham para acabar com a farra do investimento público e com o papel regulador do Estado! Diziam abertamente que o Estado fazia mal até suas funções de regulador! E que, pasmem, para regular o mercado, nada melhor que o próprio mercado! É! Espantosa e criminosamente simples assim! E aí Deus (não o Senhor, mas o Mercado) criou as agências reguladoras! E viu que era bom! Muito bom! Principalmente para os amigos tucanos que passaram a comprar as empresas estatais a preço de banana na feira! E tome Embratel, Telebrás, Vale do Rio Doce! Com as agências definindo o quinhão de lucro que cada operadora privada deveria ter! E o lucro haveria de ser grande e duradouro, que ninguém era besta de empatar dinheiro sem retorno! Enquanto isso, a escumalha (nós, a massa ignara) era bombardeada pela mídia com as notícias de que, agora sim, a coisa vai! Era o fim da Era Vargas! Era o começo do vintenário tucano na Terra Brasilis, profetizado por Sérgio Mota! Vivia‑se um clima de euforia anti‑estatista nas ruas! Servidores públicos eram execrados aos magotes, nas sessões de auto‑elogio do governo! Bresser Pereira bradava colérico: vamos acabar com a farra no serviço público (nunca se chegou a saber exatamente o tipo da farra)! Enquanto os privatistas avançavam sobre o espólio da Viúva, FHC, com frêmitos de gozo, recebia títulos de doutor honoris causam mundo afora!


Hoje, esse cenário parece impossível! Mas, à época não! Os falcões tucanos (um paradoxo insolúvel) estavam inebriados! Haviam descoberto a pólvora das fontes eternais do Estado! Só que esqueceram de um detalhe pequeno: o povo! Enquanto os formuladores tucanos pregavam na igreja do mercado que a extrema competência da iniciativa privada traria prosperidade e bonança para todos, apenas os diáconos tucanos e seus amigos financistas se davam bem! O povo, após a crise russa, desconfiava que havia caído num grande e bem contado conto‑do‑vigário! Num estelionato ideológico sem precedentes! O golpe no fígado veio com a eleição de 2002, com Lula! O uper cut no queixo veio com a reeleição de 2006!

O povo deu o seu recado claro e direto: ele é o dono do Estado e não aceita intermediários! Um segmento dos financistas e operadores insiste na agenda rejeitada pelo povo, na eleição! São os cabeças‑de‑planilha, expressão cunhada por Luís Nassif para definir os yupizinhos com mestrado em Harvard, que ainda insistem em nos impor sua agenda nefasta! São os rebotalhos daqueles tucanos heróicos que pensavam em reinar 20 anos na cena política brasileira! Graças a Deus, deram com os burros n'água! A sociedade brasileira agradece‑lhes o fracasso! A Octaetéride tucana durou o tamanho exato da quase destruição do Estado! Que sirva de vacina e de contra‑veneno para o futuro!

O MITO DA EFICIÊNCIA DA INICIATIVA PRIVADA

Paralelo à precarização e ao desmonte do Estado, o tucanato, ao assumir o poder em 94, levou a cabo um processo goebbelliano sem precedentes no campo político‑midiático brasileiro. Batiam na tecla de que, ao mesmo tempo que o Estado era ineficiente, gastador e inepto, a iniciativa privada era o éden da competência! Não satisfeitos com a terceirização capenga feita por Collor (alguém se lembra das demissões de servidores públicos vigilantes feitas por Collor, para, em seguida, contratar empresas de vigilância de amigos da Casa da Dinda, a um preço dez vezes maior?), os tucanos avançavam sobre o patrimônio público com um apetite feroz! E justicavam a autofagia com o argumento simplório de que o gigantismo do Estado não dera certo em lugar nenhum do mundo! Portanto, nada mais justo do que desmontar os últimos resquícios da Era Vargas! Só a iniciativa privada resolveria o problema crônico do Brasil! Eram os arautos do Estado mínimo. Temos que acabar com Estado paternalista, bradavam, numa parábola invertida do "ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil"!

E aí então assistimos ao espetáculo da maior rapinagem do patrimônio público que se tem notícia! Quais Prometeus públicos devorando o próprio rabo, os tucanos partiram para o ataque. Ancorados no dogma da eficiência da iniciativa privada, levou‑se o patrimônio da Viúva à bancarrota! Desnecessário enumerar as empresas "vendidas" nesse período! Enquanto Ricardo "No Limite da Irresponsabilidade" Sérgio andava no fio da navalha entre o esbulho e o crime, o tucano‑mor FHC afirmava, pode fazer, vamos fazer!

Hoje porém, passados tantos anos, restou a pergunta: que poderoso argumento ideológico usou o tucanato? Que palavra mágica proferiam em seus oráculos? Será que, realmente, a iniciativa privada era mesmo o Santo Graal que traria prosperidade e bonança para todos? Ancorados em apenas um exemplo, o da Vale do Rio Doce, podemos, no mínimo, questionar o tucanato: vendida, há pouco mais de uma década, a "impressionantes" US $3,5 bilhões, hoje vale a bagatela de US$ 120 bilhões. Impressionante, não é? Fora as imensas reservas minerais, de resto, imensuráveis!

Sobre a competência da atividade privada, vale rememorar breve histórico no Brasil. Desde a década de 50, temos uma seqüência interessante de algumas empresas públicas: são capitalizadas pelo Estado para, logo em seguida, serem "vendidas" a precinhos camaradas a "competentes" administradores privados! Após um período mais ou menos longo de gestões privadas "competentíssimas", tais empresas, quase todas quebradas, são "reestatizadas" pelo Estado perdulário e inepto, que as capitaliza com dinheiro público e, novamente, as "vende" para os ultra‑competentes gestores privados, num círculo danoso que se repete num mau‑caratismo de assombrar! Ah, tenham dó!

Com os tucanos no poder, esse ciclo foi levado às raias do insuportável! Coroando todo esse processo, criou‑se as jóias da Coroa: as agências reguladoras, encraves privados no seio do Estado, imunes à decisões do próprio Estado! Por esse modelo infame, o próprio presidente da República seria um mero despachante do Mercado! Era a rendição total, a esterilização da vontade popular frente à sanha financista dos dândis do mercado! Hoje, passados os anos daquela voragem mercadista, podemos dizer que a pá de cal na baboseira ideológica do Estado mínimo foi a última crise econômico-financeira. Depois que os EUA, a pátria-mãe do capitalismo, estatizou bancos, montadoras e empresas de seguros, a desolação se abateu sobre o tucanato. Tucanos de alta plumagem queimam os neurônios para descobrir um discurso alternativo crível para se apresentarem na eleição de 2010, já que seu discurso desde sempre foi: reformas (nessas reformas, tem sempre um dinheiro público deslizando para os bolsos dos maganões), Estado mínimo, privatização, terceirização, liberdade total aos mercados! O mesmo discurso, a mesma receita que levou a economia mundial à bancarrota em 2008/2009!

Retornando à mitologia da eficiência da iniciativa privada: estranhos critérios de eficiência, esses! Lembram muito aquele ditado surrado: aos amigos do Rei, tudo; aos inimigos, os rigores da Lei! Que não nos esqueçamos nunca desses detalhes, submersos na voragem daqueles tempos de ira, mas também de muita safadeza e dinheiro fácil, subtraído do espólio da Viúva! Que a efeméride tucana sirva de marcador para a construção de um país novo! País esse em que, eficiência, competência e rapinagem sejam conceitos distintos como água e óleo! E que a mão peluda do tucanato jamais volte a misturá‑los!

O ITAMARATI TUCANO E A DIPLOMACIA DE PÉS-DESCALÇOS

Prosseguindo com a análise sobre a octaetéride tucana e seus estragos na vida do país, hoje abordaremos a linha diplomática imposta pelo tucanato de 1994 a 2002. Não foi difícil para as aves bicudas dobrarem o Instituto Rio Branco aos seus caprichos de meninos deslumbrados com o restolho da globalização tatcherista. Há, no Itamarati, um ranço americanóide que impera, às vezes explícito, às vezes latente, desde Juraci Magalhães e sua desastrosa frase/fase de alinhamento automático com os EUA.

Na prática como se deu esse alinhamento automático do tucanato à política externa americana? E por que? Qual a gênese desse alinhamento? Qual a razão desse agachamento deslumbrado? Com a assunção de FHC ao poder, guindado pelo Plano Real de Itamar Franco, imediatamente a chancelaria brasileira abandonou o viés terceiro‑mundista que vigorara no período Itamarino. Inflexões diplomáticas rumo à África e países árabes foram abortadas. As tratativas em andamento foram congeladas. Até o incremento das relações comerciais com os países‑baleia, os BRICs, foi relegado a segundo e duvidoso plano. Em plena ascensão como potência econômica, a China foi relegada a uma terceira ordem de importância pela chancelaria tucana. Celso Lafer era um Juraci Magalhães redivivo: o que era bom para os EUA, era melhor ainda para o Brasil. E o que era muito bom para os americanos era a postura subserviente da diplomacia brasileira ao ignorar o PIB potencial crescente dos RICs(Rússia, Índia e China). Aos EUA não interessavam a interação cooperativa entre os BRICs. Era necessária a cizânia; urgia separá‑los para que, separados, não descobrissem o enorme poder de barganha que possuíam e passariam a ter no cenário internacional. Os EUA queriam isolar o Brasil e assim enfraquecer os BRICs. Os diplomatas brasileiros, capitaneados por "Celso Sem‑Sapatos Lafer" fizeram tudo direitinho e transformaram o Itamarati num apêndice, num rabo da Casa Branca.


Apesar desse alinhamento automático, os EUA queriam mais. Muito mais. A ALCA, tratado de livre‑comércio a vigorar em todas as Américas, era, sem tirar nem pôr, uma versão econômica da diplomacia das canhoneiras que conquistara metade do México; diferentemente da batalha de Los Alamos, para a ALCA não haveria limites. Ao contrário da onda expansionista que comeu a metade do México, onde o Rio Grande era o limite, dessa vez a Pax Americana lamberia até as escarpas do Cabo Horn, incorporando a mítica e lendária Ushuaia, a menina dos olhos de San Martin. Felizmente, a ALCA só não prevaleceu porque, os remanescentes dos "Barbudinhos", Celso Amorim à frente, conseguiram equilibrar o jogo e impedir que os "Pés‑Descalços" liderados por Lafer, concluíssem o processo de anexação aos EUA, que a ALCA trazia embutido.

Hoje, passados aqueles dias conturbados, fica o questionamento: por que? O que movia a Inteligentia tucanae para fazer tal haraquiri e entregar a soberania brasileira no altar da globalização? As razões para tal atitude não são simples nem visíveis. Podemos elencar algumas possibilidades, sempre, porém, dentro da larga e nebulosa margem de erro da alma humana. Uma hipótese viável seria a de que os tucanos, geneticamente, foram acometidos da Síndrome de Estocolmo, aquela em que as vítimas se apaixonam pelos seus algozes, absorvendo todos os seus valores. Outra hipótese seria a de que a diplomacia tucana, e de resto todo o tucanato, seria adepta da Teoria do Discurso Introjetado (formulada por estes modestos escribas), na qual o agente oprimido oprime seus iguais para parecer simpático ao opressor (expressão erudita do popular bate‑pau; do puxa‑saco; do baba‑ovo).

De qualquer forma, caiba a definição teórica que couber, a verdade é que há um componente psico‑patogênico importante permeando todo o periodo da diplomacia tucana. Freud explica? Jung elucida? São dúvidas que escapam à percepção limitada deste blog. O certo é que a cena do chanceler Celso Lafer, tirando os sapatos na aduana americana e pondo de joelhos todo um país, permanecerá como uma das cenas mais degradantes de nosso tempo!

Alberto Bilac de Freitas

Igor Romanov

domingo, 4 de abril de 2010

Lula x FHC: dá para comparar? - Diário do Nordeste

Nacional - Lula x FHC: dá para comparar? - Diário do Nordeste

Lula x FHC: dá para comparar?


Lula deve concluir seu mandato com um alto índice de popularidade
FOTO: EVARISTO SA/AFP
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4/4/2010

Mesmo com base em números irrefutáveis, a análise muitas vezes acaba em crítica à oposição

O plano do Partido dos Trabalhadores (PT) de termos este ano uma eleição plebiscitária, entre José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), já tem uma estratégia anunciada - a comparação dos governos de Fernando Henrique Cardoso (1994 - 2002) e de Luiz Inácio Lula da Silva (2002 - 2010). Nesse embate, cada lado conta vantagem. Mas analisando friamente os resultados de cada governo, quem será que fez realmente mais pelo País? Na visão do economista, mineiro de Contagem, José Prata Araújo, fundador do PT e autor do livro "O Brasil de Lula e o de FHC" não tem dúvida que Lula ganha de goleada.

Na análise de Prata, que não é desapaixonada, só reconhece um momento de "glória" na era FHC e mesmo assim ainda considera que o crédito não lhe é devido - o Plano Real, que abriu as portas para a estabilização econômica do País e reduziu uma inflação de 2500% para 10%. Para ele o "Pai" do Real foi o ex-presidente Itamar Franco (PR), mesmo FHC tendo sido o ministro da Fazenda na época. Prata não reconhece a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), dos medicamentos genéricos e muito menos dos projetos de distribuição de renda, base para o Bolsa Família.

Ele afirma que mesmo petista e defensor de Lula, apresenta comparativos dos dois governos em 85 tabelas simples e análises bastante didáticas que explica os principais números do período nas várias áreas do governo, da economia aos setores sociais. Mesmo com base em números irrefutáveis a análise muitas vezes acaba em crítica à oposição.

"Esse livro na verdade, apenas digamos assim, fundamenta tecnicamente o próprio ponto de vista popular. Quando terminei esse livro eu tive a sensação interessante que o governo Lula é até melhor do que ele divulga, tem muito mais obras", avalia.

Segundo José Prata, a comparação é feita a partir do início dos governos FHC e Lula para mostrar quem teve a evolução mais positiva. Observa que em primeiro lugar compara a economia do País. "Se diz muito que o governo Lula foi uma continuidade do governo FHC, eu mostro que não.

Nos anos FHC o Brasil quebrou duas vezes. Com o Lula o País enfrentou a pior crise nos últimos 30 anos e respondeu de forma positiva".

Diz que o Brasil cresceu para dentro, para o mercado interno. O crescimento, segundo ele, tem relação a distribuição de renda, com o bolsa família, com o aumento do salário mínimo, com os benefícios da previdência, com mais empregos. "O País realmente passou por grandes turbulências e não quebrou".

ERA FERNANDO HENRIQUE
Início de esperança e o fim maculado

Um dos ícones da luta contra a ditadura, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso assumiu o governo em 1º de janeiro de 1995, com uma sólida base parlamentar. Isso permitiu a continuidade da política econômica e a aprovação de inúmeras reformas constitucionais, inclusive com a"redução do Estado"

FHC aprovou a quebra dos monopólios estatais nas áreas de comunicação e petróleo, bem como a eliminação de restrições ao capital estrangeiro, possibilitando a criação do programa de Desestatização, que culminou com a privatização de 70 empresas públicas que renderam 250 bilhões de reais.

Na área de Educação foi criado o Fundef l e foi implantado o programa Toda Criança na Escola, ampliando para próximo de 97% o percentual de crianças de 7 a 14 anos na Escola. Na Saúde, o SUS saiu do papel; o programa da Aids tornou-se referência com a distribuição de medicamentos gratuitos; os medicamentos genéricos foram viabilizados; as equipes da Saúde da Família passaram de 300 em 1994 para 16 mil em 2002 e na questão agrária foi implantado o programa de reforma agrária.

Em seu governo, FHC dobrou o gasto em programas de assistência social, de uma média anual de R$ 15 bilhões até 1994 para R$ 30 bilhões em 2002. Aconteceu no governo FHC a criação, em maio de 2000, da Lei de Responsabilidade Fiscal, que colocou um freio nos gastos de gestores públicos.

Com a continuidade do Plano Real o País encurtou o número de pobres de 35% para 28% da população. A estabilidade econômica não conseguiu, no entanto, estancar crises, como a do setor elétrico que devido aos baixos investimentos e a uma longa estiagem, sofreu um colapso, causando o "apagão". Apesar dos avanços, o governo FHC teve seu final maculado por indicadores ruins. O desemprego chegou a 9,14%, uma das taxas mais altas da história. Além disso, FHC deixou o governo com um índice de popularidade baixíssimo, cerca de 30%.

MARCELO RAULINO
REPÓRTER

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Professor Hariovaldo Almeida Prado

Professor Hariovaldo Almeida Prado

rofessor Hariovaldo Almeida Prado
2 abril 2010
Homens bons respondem porque Serra é o mais preparado para governar o país
Arquivado em: Da Comunidade hariovaldiana — Hariovaldo @ 10:03

Serrote

“Simples, J. Serra tem experiência, participou do governo dos homens bons. Com as técnicas de boa gestão que adquiriu durante o período de exuberância economica produzida pelo magistral governo de D. Fernando (o procriador), Serra tem feito o melhor governo que a capitania de São Vicente já viu. Assim sendo, D. José Chirico I é o único com capacidade para tirar o Brazil desta profunda crise economica, provocada pelo apedeuta e seus seguidores bolchevistas.“

Roderick Azevedo Noblat e Leitão

“Dom José, além de ter uma formação invejável, sendo engenheiro e economista e ser o mais competente gestor do país, é o herdeiro natural de Dom Fernando primeiro, possui as bençãos de São Serapião, o apoio das mentes mais brihantes do país, como Ana Maria Braga e Hebe, além dos atalaias da verdade no jornalismo pátrio, Bonner e Bóris.

Mas acima de tudo, Dom José possui o que todo grande estadista precisa: um sorriso que seduz as massas. “

Prof Temístocles Sabóia Filho

“José Serra é o único homem competente o bastante hoje no Brasil. É mestre, é doutor em economia por várias universidades de renome dos nossos irmãos do norte, é doutor em engenharia, é doutor em biotecnologia, em oncologia, em origamia, enfim, não há ninguém melhor. É um exemplo de gestor público, cortou gastos públicos, privatizou empresas públicas e sem dúvida alguma vai dar jeito no Brasil. E o mais importante, Serra vai botar fogo nesses comunistas satânicos que infestam o Brasil e que estão acabando com a família brasileira…“

Juan Salsicha

“Acho que todos os que me precederam apresentaram de forma clara várias razões para que o nosso Amado Líder Chirico seja o novo Presidente do Brasil. Faltou, no entanto, a mais importante e contudente delas: o nosso Líder é PAULISTA, a principal credencial para que assuma as rédeas dessa grande carroça chamada Brasil!
Viva o MMDC!
Remeber 32!
Anauê“

Marcos José Pereira

“São Paulo é exemplo para o país. Temos aqui na República Federativa de São Paulo o melhor nível de Educação, saúde, segurança e planejamento.

Porém, tudo isso está sendo sabotado pelos comuno-dilmistas.

Por exemplo as crianças dilmistas de São Paulo, propositadamente tiram notas baIxas nas provas federais, para prejudicar o bom nome de Dom José Chirico I.

Outro exemplo: parte da ralé bolchevique insiste em ficar doente, provocando falta de vagas nos hospitais especializados em pobres.

E, finalmente, os vermelhos de todos os matizes têm forjado assaltos, em conluio com os bandidos, para inflar artificialmente as estatísticas de criminalidade na nossa República Paulista.

Mas nós não nos deixamos enganar por esses malfeitores escarlates. Dom José Chirico I para Imperador do Brasil (e, futuramente, do Sistema Solar)! “

Visconde Marcos Olivares
Comentários (7)
31 março 2010
Um forte compromisso com a educação
Arquivado em: Relatos Pessoais — Hariovaldo @ 10:58
Imbatíveis

Parceira entre Serra e Globo mira o desemprego e a falta de preparo dos trabalhadores

Em mais uma grande demonstração do forte compromisso com a educação que caracteriza a inoxidável gestão Serra na direção da locomotiva da nação, o presidente já eleito para 2011 acaba de criar mais uma ETEC, em convênio com uma das melhores emissoras de televisão do ocidente, numa interessante parceria para o país. A escola em questão será destinada a formar elementos empregatícios preparados para serem utilizados adequadamente no setor televisivo,os quais poderão atuar decisivamente como porteiros, serventes, operadores de máquinas, contínuos e até a cabos-man, podendo inclusive aparecerem no vídeo. A integração com a empresa se dará em várias áreas e o mais importante é que os alunos poderão estagiar nas funções citadas anteriormente na emissora, mediante o pagamento de uma pequena taxa ou até gratuitamente por seis meses, enriquecendo assim os seus currículos e facilitando a inserção no mercado de trabalho.

ARENA, DEM e PSDB, a raiz da corrupção que está aí é o golpe militar de 1964” | Viomundo - O que você não vê na mídia

Jessie Jane: “A raiz da corrupção que está aí é o golpe militar de 1964” | Viomundo - O que você não vê na mídia


1 de abril de 2010 às 18:04
Jessie Jane: “A raiz da corrupção que está aí é o golpe militar de 1964”

por Gabriela Gonçalves Cardoso, em A Verdade

Jessie Jane Vieira de Sousa é professora do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e foi diretora do Instituto de janeiro de 2006 a janeiro de 2010. Possui graduação em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestrado em História pela Universidade Estadual de Campinas e doutorado em História Social pela UFRJ.

Filha de um trabalhador mineiro, Jessie Jane se filiou à Ação Libertadora Nacional (ALN) em 1969. Na ALN conheceu Colombo e com ele viveu na clandestinidade até 1970. Ambos foram presos no dia 1º de julho de 1970, quando executavam a ação de seqüestro do Caravelle PP-PDX da Cruzeiro do Sul, no Rio de Janeiro.

Estava com 21 anos quando foi presa e barbaramente torturada. Permaneceu nove anos na penitenciária de Bangu (Presídio Talavera Bruce). Em 1972, obteve autorização judicial para se casar e em setembro de 1976, nasceu Leta, sua filha.

Depois que saiu da cadeia foi morar em Volta Redonda, onde trabalhou construindo arquivo do movimento operário. De 1999 a 2002, exerceu o posto de diretora do Arquivo Público do Rio de Janeiro, onde estão arquivados todos os documentos do antigo DOPS. Como pesquisadora, publicou oito artigos para periódicos, escreveu dois livros, além de dez textos para jornais e revistas e o mesmo número de trabalhos para congressos. Nessa entrevista, a professora Jessie Jane fala sobre a situação atual do país e da universidade brasileira.

A Verdade – Qual a sua avaliação sobre o golpe militar de 1964 e suas consequências para o povo brasileiro?

Jessie Jane – Foi uma das coisas mais dramáticas da história do Brasil. A sociedade brasileira vivia um momento de ascensão dos movimentos sociais, avanço da esquerda, dos movimentos sociais – e o golpe interrompeu isso. Não só do ponto de vista dos processos políticos que estavam sendo gestados e que foram ceifados. As consequências aí estão colocadas: corrupção, violência, tudo isso tem a raiz ali.

A Verdade – Para a universidade, em particular, o que representou a ditadura?

Jessie – Eu não estava na universidade quando houve o golpe, mas a UFRJ viveu isso de forma grave. Por exemplo: no curso em que eu dou aula, História, vários professores foram expulsos da universidade, houve intervenção, criou-se um vazio na universidade, do ponto de vista docente, e depois veio o amordaçamento da discussão. Acho que a universidade é hoje muito mais distanciada das questões nacionais. A universidade não tem uma interlocução com a sociedade, sua presença na sociedade é quase nenhuma. Não há projetos nacionais sendo gestados, isso tudo consequência desse esvaziamento causado pelo golpe. A universidade que existia no Brasil pré-64 tinha menos jovens. Era, digamos assim, mais elitista do que é hoje. No entanto, era um espaço de disputa política muito mais ativo. Hoje, ela vive um marasmo político absoluto. Eu diria até que é um espaço do conservadorismo, principalmente na área das humanas.

A Verdade – Por que até hoje os torturadores não foram punidos no Brasil?

Jessie – Por vários motivos. Primeiro por que há uma cultura política no Brasil que é de sempre as transições virem de cima; tem um conchavo entre as elites e chega-se a um acordo; e aí tudo o que passou pertence ao passado, e o passado fica petrificado. Isso foi feito na história do Brasil inteira, e a tal da transição democrática que foi feita, foi feita com isso. Tanto é que se diz: “Quem foram os personagens da transição?”. Tancredo, até Sarney é o personagem. E aí teve um acordo sinistro na verdade, de silêncio entre os golpistas, aqueles que eram parte do golpe, a tal da oposição democrática e até setores da esquerda foram parte desse silêncio. O movimento social não conseguiu avançar, e aí já estou me referindo ao movimento de defesa dos direitos humanos. Não consegui construir forças para produzir uma nova memória, porque a memória que se produziu é uma memória de que houve uma anistia, de que todo mundo foi anistiado, o que não é verdade. Quando Lula assumiu o governo, vários setores acharam que, com ele, iríamos avançar nessa questão, mas Lula não tem nenhum compromisso com isso. Acho até que, nos últimos dois anos, até avançou um pouquinho com Tarso Genro no Ministério da Justiça e com Paulo Vannuchi na Secretaria de Direitos Humanos, mas estamos muito longe disso. Eu tenho dúvidas de se ainda vamos conseguir punir os torturadores, mas tenho esperança.

A Verdade – O que fica de lição, para o povo, da luta contra a ditadura?

Jessie – Acho que há uma coisa que é importante, principalmente para minha geração: é um pouco da questão da democracia, entendeu? A gente tinha uma ideia um pouco diferenciada sobre a discussão democrática, porque a gente sempre pensava na democracia como uma democracia literal do século 19, aquela democracia do voto que a gente chamava de democracia burguesa, e que é mesmo, né? Faz parte da revolução burguesa, essa coisa. Só que, quando você vive num regime ditatorial, quando você não tem nenhum espaço de expressão, essa democracia burguesa é importante, e conseguir isso foi importante. Porque ela amplia a possibilidade de você construir uma democracia real. Quando todos os segmentos da sociedade conseguem espaço para se organizar, para se expressar, você vai alargando, pode alargar ou não, não é um resultado inevitável. Acho que é um pouco o que o Brasil tem tentado fazer ao longo desses anos, mas nós estamos muito aquém daquilo que deveria ser uma democracia real, em que todos tivessem acesso a tudo. Mas de qualquer forma acho que a luta contra a ditadura deu algumas lições para a gente, principalmente a ideia de quanto pior, é pior mesmo, não é “quanto pior, melhor”.

A Verdade – Qual o papel da luta armada para a derrota da ditadura militar?

Jessie – Analisar a luta armada é supercomplexo, até porque você tem uma interdição da história política brasileira em discutir essas coisas, e aí um discurso pacifista sempre tenta obstruir essas possibilidades. Do ponto de vista histórico, você não tem nenhuma mudança de regime, de modelo, que não tenha sido pela luta armada. Nenhuma classe entrega o poder a outra sem haver uma revolução ou qualquer tipo de rebelião. Nunca aconteceu e provavelmente não acontecerá. O Chile tentou isso e deu no que deu. Isso é uma experiência histórica que os povos viveram e de que, até hoje, não conheço outro modelo. Se alguém conhecer, me conte, porque eu não conheço. No caso do Brasil, é preciso contextualizar a opção da luta armada naquele momento histórico. Alguém assim falando hoje parece fazer parte de um bando de lunáticos que resolveram… Bem, mas penso que a luta armada tem, teve um papel na luta contra a ditadura, mesmo que seja um papel de exemplo.

A Verdade – Este ano foi divulgado um encontro em que o general Médici, à época presidente do Brasil, e o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, discutiram a derrubada do governo [do presidente chileno Salvador] Allende, em 1973. Em junho do ano passado, houve um golpe militar em Honduras e muitos acreditam na participação dos Estados Unidos nesse episódio. Como vê a participação dos EUA nos golpes militares na América Latina?

Jessie – Bom, isso tudo está documentado. É documentação do Departamento de Estado, não sou eu que estou dizendo. Hoje se conhece toda a intervenção de fato dos Estados Unidos. Inclusive um colega meu da [cadeira de] História, o Carlos Fico, acabou de lançar um livro que se chama O grande irmão: da Operação Brother Sam aos anos de chumbo, que contém documentação do Departamento de Estado que mostra a presença dos Estados Unidos na articulação do golpe no Brasil, no Chile. Está mais do que documentado. Então esses golpes todos, na América Latina, desde os anos 1950, e as intervenções na América Central, a presença do governo americano… O problema dos Estados Unidos é que, quando está falando de governo norte-americano, você está falando de empresas, porque aquilo é um Estado empresarial, de interesses econômicos, políticos e ideológicos, e, naquele momento, no contexto da Guerra Fria. Hoje também há a presença dos Estados Unidos, porque se sabe que o governo Obama é um governo dividido. Há grandes personagens do Departamento de Estado que têm empresas em Honduras. Há um artigo muito interessante que saiu no Le Monde Diplomatique falando sobre isso. Que as empresas, essas empresas bananeiras todas são de americanos, gente do Departamento de Estado. E tem mais um outro detalhe, que é o seguinte: há hoje na América Latina um desequilíbrio, digamos assim, na correlação de forças, porque há governos, não vou dizer governos de esquerda, mas governos mais populares ou mesmo que ficam do centro para esquerda em quase todos os países. Na América Central você tem agora El Salvador, a Guatemala… tem esse Zelaya, que não é nenhuma flor que se cheire, mas pelo menos é um dissidente da oligarquia. E o Le Monde Diplomatique fazia uma análise muito interessante, mostrando que o golpe militar em Honduras era um balão de ensaio desses setores dos falcões americanos com setores conservadores latino-americanos, dizendo “olha, se der certo quem sabe poderemos fazer isso em outros lugares”. Por isso eu acho que a reação do Hugo Chávez é importante porque ele sabe disso: está a Venezuela ali, a Colômbia que os americanos apoiam estão ali… Na verdade, é a questão da geopolítica. As pessoas são muito ingênuas nisso. Esses setores empresariais americanos têm uma estratégia ao lado dos setores conservadores, e não é à toa que se vê como os jornais burgueses tratam isso. Está havendo um rearranjo da direita latino-americana. E daqui a pouco começam as eleições, e eles estão se rearranjando. Essa gente tem projeto, tem estratégia, e essa é sempre uma estratégia continental.

A Verdade – Que papel pode cumprir a universidade na conquista de uma nova sociedade?

Jessie – Hoje? Nenhum. Os estudantes discutem questões muito pontuais. Mesmo esses estudantes da chamada extrema-esquerda são muito míopes, não têm uma plataforma de discussão de Brasil. É tudo muito primário, se resume em lutas quase que intestinas, eles não têm uma representação na massa estudantil. A maioria dos estudantes, hoje, chega aqui, estuda e vai para casa, e quer seu diploma para poder subir na vida. Não se tem um movimento de professores que tenha discussão além do corporativo – ou então cada um com seu projeto de pesquisa. Os funcionários são só corporação, só discussão de direitos. Deveres? Nenhum. Acho que nesse momento a única coisa que você pode fazer é formar bem seu aluno para ele ser um bom professor.

A Verdade – Como vê a atual situação do Brasil?

Jessie – De forma muito pessimista. Acho que os movimentos sociais estão quase todos cooptados pelo governo federal, uma central sindical absolutamente chapa-branca; uma coisa que o governo Lula fez, a despeito de todas as coisas boas que foram feitas – e reconheço que o governo Lula é muito melhor do que o governo Fernando Henrique, evidente. Mas houve no governo Lula um esvaziamento enorme dos movimentos sociais. Hoje existe uma cooptação clara e evidente de lideranças de movimentos. Não vejo nenhuma autonomia nos movimentos sociais. Quem ainda tenta fazer algum discurso autônomo, mesmo assim muito fraco, é o MST, que está sendo criminalizado. Também o MST me parece que está, um pouco, vivendo assim sem rumo. Do ponto de vista sindical, o que vejo é uma coisa corporativa, esvaziada de conteúdos políticos mais relevantes, cooptação das centrais. A CUT é uma central chapa-branca. O resto já era mesmo. Um movimento estudantil também chapa-branca. Essas organizações que se opõem à UNE também não conseguem ter um discurso que pegue. Eu vejo aqui, os meninos vêm aqui dizer um monte de abobrinhas, é uma coisa monocórdia, uma coisa que não tem consequência porque, para poder atingir o conjunto dos estudantes, é preciso uma fala que tenha a ver com a vida das pessoas, não adianta querer… Então, eu vejo o Brasil, hoje, com muitos problemas. Diferente, por exemplo, de um país como a Bolívia, que tem uma tradição de participação, de demandas, nós somos uma sociedade hoje muito acomodada nos nossos índices de país em desenvolvimento.

Gabriela Gonçalves Cardoso, Rio de Janeiro