A História acontece como tragédia e se repete enquanto farsa. Karl Marx. 18 brumário

domingo, 28 de fevereiro de 2010

V I X E

As placas tectônicas da disputa presidencial moveram-se no Brasil neste final de fevereiro e um abalo sísmico mais forte que o do Chile atingiu a jugular da coalizão demotucana: Serra tornou-se o candidato mais rejeitado entre todos os presidenciáveis; em menos de 60 dias, sua vantagem sobre Dilma despencou de 14 pontos para apenas 4 pontos; entre o Datafolha de dezembro e o deste final de fevereiro, tucano perdeu cinco pontos; Dilma avançou cinco; uma fatia do eleitorado equivalente a 10 pontos mudou de lado na disputa e a reacomodação não favoreceu o conservadorismo nativo; temporada de inundações em SP lavou o verniz midiático que pintava Serra como estadista aos olhos da classe média; enxurrada revelou um político manhoso, tingido com o papel crepon de bom gestor, à frente de uma administração inepta, imprevidente e manipuladora. Quando o cristal se quebra sob o peso da decepção, fica difícil reverter o plano inclinado dos apoios tradicionais. O 'estado de catástrofe' está em curso no interior da coalizão demotucana.Difícil será conter as rachaduras..
As placas se movem: Dilma já empata com Serra

publicada em domingo, 28/02/2010 às 00:18 e atualizado em domingo, 28/02/2010 às 00:34
O Mundo e a América Latina, em especial, se entristecem com as notícias sobre mais um terremoto arrasador - dessa vez  no Chile. Tecnicamente, já sabemos o que se passou: placas tectônicas se chocaram, bem perto da costa chilena, o que pode provocar também tsunamis em todo o Pacífico.

No fim da tarde, outras placas  se moveram - mas dessa vez na política brasileira.  Dilma colou em Serra.
A "FolhaOnline", até tarde da noite, ainda escondia os detalhes da pesquisa. A idéia é forçar o povo a comprar o jornal. Os números são avassaladores.
No cenário mais provável, a situação é a seguinte: Serra 32% (contra 37% em dezembro), Dilma 28% (23% em dezembro), Ciro 12% (13% em dezembro) e Marina 8% (tinha os mesmos 8% em dezembro).
A manchete do jornal destaca esse quadro: "Dilma cresce e já encosta em Serra".
Ok. Está correto.
Mas, quando digo que os números são avasaladores, refiro-me a outras variáveis. Vejamos...
1) Rejeição - Serra é agora o mais rejeitado: 25% não votariam nele de jeito nenhum, contra 19% em dezembro.
2) Voto espontâneo - Dilma está em primeiro lugar, com 10%; com os mesmos 10% aparece... Lula!  Serra é apenas o terceiro, com 7%; em quarto aparece o "candidato de Lula", com 4%, em quinto está Aécio, com 1%.
Reparem que a soma de Lula/Dilma/"candidato de Lula" alcança 24%, contra 8% de Serra/Aécio. 
3) Transferência de Voto - 42% dizem que votariam num candidato apoiado por Lula; 26% dizem que "talvez" votariam em quem Lula indicar; e só 22% afirmam que "não" votariam no candidato de Lula.
4) Conhecimento do candidato - Serra é conhecido por 96%, Dilma é conhecida por 86%.
Resumo da ópera: há uma avenida aberta para que Dilma siga a crescer.
À medida que ela se torne mais conhecida, a tendência é que a intenção de voto em Dilma se aproxime dos 42% - que é o total de eleitores inclinados a escolher um candidato indicado por Lula.
A "Folha" escolheu não brigar com os números. Com uma exceção: o jornal diz que "é impreciso dizer que o levantamento indica um empate estatístico". Êpa. Aí, não. Estamos, sim, diante de um "empate técnico", no limite da margem de erro.
Mas isso é detalhe.  O que importa é a tendência, anotada também na simulação de segundo turno: a diferença entre Serra e Dilma desapareceu: Serra tem 45%, Dilma tem 41%. Em dezembro, a vantagem de Serra era de 15 pontos. Agora, evaporou.
Diante disso, a colunista Eliane Cantanhêde parece desesperada. Na página 2 do jornal, ela escreve o texto "Ou vai ou Racha", com destaque para a seguinte pérola: "a eleição atingiu o ponto ideal para a definição de Aécio Neves: sempre se soube, mas nunca tinha ficado tão evidente o quanto sua candidatura a vice é fundamental para a oposição".
"Ponto ideal" pra quem, cara pálida? Cantanhêde quer empurrar Aécio pro fogo. Quer que ele perca agarrado a Serra.
Vamos raciocinar friamente. Se Aécio aceitar ser vice, e Serra perder (o que parece provável, dado que a soma dos votos espontâneos nos dois fica em um terço do total de votos espontâneos para Dilma+Lula+candidato do PT), o mineiro perde junto. Se Aécio aceitar a vice,  e Serra ganhar, Aécio vira sócio minoritário da vitória.
Os jornalistas serristas, depois de espalhar por aí que Aécio bate na namorada e tem hábitos pouco ortodoxos, agora querem a ajuda do mineiro para salvar Serra.
É ruim, hem!
Do jeito que a coisa vai, estaremos em breve diante do seguinte quadro: Serra segue até o fim, em queda, e aí parte para o desespero, recorrendo a dossiês e ao esgoto jornalístico contra Dilma; ou Serra desiste antes de abril, e estaremos diante da situação inimaginável de ver os tucanos implorando a FHC para concorrer, em nome da sobrevivência do partido.
Quanto a Dilma, devo lembrar como bom corinthiano, o ideal é escapulir do salto alto. A pior besteira do mundo seria acreditar no já-ganhou. Corinthianos costumam pensar assim: quando tudo parece ir bem, é sinal de que algo errado pode acontecer em breve.
Mas falando sério: Dilma precisa lembrar que a elite (incluindo boa parte da classe média urbana) segue contra ela. Especialmente no Sul e Sudeste. Os mais escolarizados apóiam Serra - isso também aparece na pesquisa.
A mídia detesta Dilma (apesar dos sinais de que Globo e Lula parecem ter conversado nas últimas semanas, em busca de uma trégua -  volto a isso em outro texto...).
Jornalistas do esgoto desesperados. Demos desesperados. Tucanos desarvorados. Essa gente toda somada é capaz de muita sujeira até a eleição.
Dilma que se prepare. Com ou sem acordo com a Globo, muito chumbo virá.
P.S.: escrevi aqui, em texto anterior, que a pesquisa DataFolha incluía outras perguntas - entre elas uma sobre a influência do "Bolsa-Família" na escolha eleitoral - http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/especialista-em-serra-datafolha-esta-em-campo. Esses números não apareceram na "Folha" deste domingo; o jornal pode ter guardado pra mais tarde, ou repassado os resultados só "a quem interessar possa". A conferir..




Navalha do Conversa Afiada

O Conversa Afiada não acredita em pesquisa eleitoral.Ainda mais num pais em que duas instituições monopolizam a expectativa eleitoral de 190 milhoes de habitantes: o Data-da Folha (*) e o Globope.O Conversa Afiada acredita, porém, em tendências. Por exemplo, o Conversa Afiada acredita que a questão federativa se imporá nessa eleição e, portanto, o Brasil não elegerá um paulista Presidente da República nem que seja uma cruz de Julio Cesar com Jesus Cristo.
Logo, o Vesgo do Pânico tem mais chance de ser Presidente do que o Zé Alagão.
Zé Alagão é candidato de si mesmo.
Ele não representa ninguém.
A outra tendência que o Conversa Afiada registra é o limite superior dos candidatos da UDN.
A UDN tem 30% dos votos.
O Brigadeiro Eduardo Gomes, Serra (perdeu e 39 a 61% para Lula) e Geraldo Alckmin (perdeu de 39 a 61% para Lula).
Só um candidato travestido da UDN pode ter mais do que isso: Janio Quadros, Collor ou FHC, que se vestiu de inimigo número um da hiper-inflação.
Os alemães elegeram Hitler para evitar a hiper-inflação.
Os brasileiros elegeram FHC uma vez.
Na segunda eleição, quem o elegeu foi o Bill Clinton.
Uma semana depois de re-eleito, fez o que jurou que não faria: desvalorizou o Real.
Um udenista de corpo e alma, como José Serra, que não representa nada, que não defende uma única idéia original – esse udenista não passa de 30%.
Como todo o apoio do PiG, do Data-da-Folha e do Globope: não passa de 30%.
É por isso que o Oráculo de Delfos tem razão: Serra não será candidato a Presidente da República.
E, se ficar, o Ciro pega; se correr a Dilma come.
Se o Zé Alagão acredita no Data-da-Folha, por que ele não diz que é candidato a Presidente ?
Sabe por que, amigo navegante ?
Porque o Zé Alagáo é o Jim Jones dos tucanos.
Paulo Henrique Amorim

 

BRASÍLIA – O Datafolha de hoje confirma a previsão do Planalto e não deixa alternativa para os tucanos: agora, ou vai ou racha.
Significa que o tempo de hibernação de José Serra se esgotou e que ele tem de se lançar já à Presidência, antes que seja tarde. Como significa que a eleição atingiu o ponto ideal para a definição de Aécio Neves: sempre se soube, mas nunca tinha ficado tão evidente o quanto sua candidatura a vice é fundamental para a oposição.
Quanto mais Dilma é identificada como candidata de Lula, mais ela cresce, e estava escrito nas estrelas do PT que aquele aguaceiro em São Paulo, os dissabores de Gilberto Kassab na prefeitura e a debacle do DEM no DF iriam afetar Serra.
Ainda não tecnicamente, mas na prática a pesquisa registra um empate, com duas más notícias para Serra: Dilma Rousseff sobe consistentemente, e ele, que se mantinha sólida e estavelmente no topo, passou a cair. O cruzamento desses dois movimentos é fatal para o tucano, a não ser que seja contido. Como? Só ele, seus aliados e estrategistas podem saber, mas Aécio já era importante e passou a ser vital.
Em todos cenários -com ou sem Ciro, no primeiro ou segundo turno-, Dilma ganhou pontos, Serra perdeu. E em igual proporção, como os 5 a mais de uma e os 5 a menos do outro com Ciro na disputa.
O dado mais poderoso, porém, é a perda de três pontos de Serra no Sudeste, que tem 42% do eleitorado. Para subir a rampa, Serra tem não só de ganhar bem nessa região como compensar aí o que certamente Lula dará a mais para Dilma no Norte e no Nordeste. Com Aécio é possível. Sem ele…
No discurso serrista, tudo isso é porque “a campanha nem começou”. Só que, quando começar, Dilma vai continuar como hoje, com muito mais tempo de exposição positiva na TV, sem contestação.
Voltando à vaca fria, a oposição ou vai de Serra e Aécio ou racha.
Na política, rachar é sinônimo de perder

 

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