A História acontece como tragédia e se repete enquanto farsa. Karl Marx. 18 brumário

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Escrevinhador

Escrevinhador: "Estadão' não quer tucanos com esse figurino; 'Folha' não se importa: vitória de Serra vale mais que FHC

Sob comando da família Mesquita, o 'Estadão' sempre foi um jornal mais 'ideológico' do que a 'Folha'. O diário dos Frias muda de posição conforme muda o vento.

Os dois jornais estiveram a favor do golpe de 64. O 'Estadão' - como boa parte da elite brasileira - queria uma intervenção rápida dos militares, 'limpando' o país dos 'comuno-petebistas'. Depois, o poder cairia no colo da UDN. Era o sonho da família Mesquita.

Quando a ditadura mostrou que viria pra ficar, o 'Estadão' teve a coragem de rever suas posições, e foi pra oposição. Viveu sob censura, teve que publicar receitas e poemas no lugar de textos censurados. A 'Folha', não.

A 'Folha' (há várias testemunhas disso) chegou a emprestar seus carros para transporte de presos, e para uso do DOI-Codi em São Paulo.

Quando o vento mudou, nos anos 80, aí a 'Folha' virou 'democrata', botou faixa amarela na capa, e fez campanha pelas Diretas-Já. Teve um papel importante naquela época. Isso não se nega. E conquistou muitos jovens leitores com essa posição de 'vanguarda'.

Por que relembro isso tudo?

Porque, nos últimos dias, ficou claro que apito 'Folha' e 'Estadão' tocam em relação à candidatura tucana.

O 'Estadão' publicou o artigo de FHC, no domingo - chamando o PT para a briga (o que Lula e Dilma adoraram).

A 'Folha', nesta terça, deixa claro que a tática de FHC desagradou a Serra. O jornal dos Frias não ouviu o Serra em 'on'. E não precisa. O recado foi dado na capa: 'Críticas de FHC ao presidente contrariam a tática de Serra'.

O 'Estadão' fala por FHC. De forma aberta - como manda a boa tradição do jornal (lembro que, hoje, o diário nem está mais sob comando dos Mesquita, mas de um comitê de credores que - segundo alguns - incluiria também gente muito próxima a FHC).

A 'Folha' fala por Serra. De forma velada.

É um pouco mais que isso.

Os dois jornais, claro, querem a vitória de Serra. Mas, para o 'Estadão, não basta uma vitória qualquer. Precisa ser uma vitória que reafirme o ideário (neo) liberal: a candidatura tucana deveria levantar as bandeiras, defendendo o legado de FHC. Para o 'Estadão', não vale uma vitória envergonhada, que esconda FHC e legitime o 'Estado forte' do segundo mandato lulista. FHC foi o sujeito que prometeu 'enterrar a era Vargas'. É o velho sonho do 'Estadão', que até hoje não digere a derota par Vargas em 32.

A 'Folha', como sempre, parece mais pragmática. Se for preciso esconder FHC para que Serra vença, ótimo.

Não é por outro motivo que o jornal dos Frias escalou o (bom) repórter Gustavo Patu para mostrar como FHC omitiu os erros do governo dele no artigo escrito para o 'Estadão' - http://blogln.ning.com/profiles/blogs/analise-do-artigo-de-fhc-fhc. É um recado da 'Folha' (e de Serra) para FHC: se falar demais, até nós vamos descontruir o seu governo!

FHC já percebeu que - se não brigar para defender sua biografia - ela será jogada no lixo, inclusive pelos coreligionários tucanos.

Lula quer que a eleição vire um 'choque de programas' (governo Lula x governo FHC).

Serra quer 'choque de biografias' (o ex-ministro e governador 'experiente x a ministra 'inexperiente').

O problema é o choque de egos entre os tucanos.

Quem vai guardar o ego de FHC no apartamento dele, em Higienópolis? Só Dona Ruth conseguiria...

Pensando bem, não é justo exigir tal esforço de FHC, a essa altura da vida.

Deixa o FHC falar à vontade! Faz bem pra ele. E, certamente, fará um bem enorme ao país..."

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