A História acontece como tragédia e se repete enquanto farsa. Karl Marx. 18 brumário

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Blog Leituras Favre

Blog Leituras Favre: "17/11/2009 - 18:03h A retórica da conversa
Os dez mandamentos para tornar a sua aproximação com outras pessoas mais interessante e qualificada
Adriana Natali – Língua Portuguesa
Escultura do francês Georges Segal: perda de vigor da conversa na vida contemporânea pode engressar as relações humanas
Um dedo de prosa é mais complicado do que parece. Não só para os tímidos. A depender de como é levado, o prosaico bate-papo pode ser a diferença entre um ouvinte resistente ou receptivo a uma opinião. A conversa, do formal diálogo entre estranhos ao papo furado de amigos, requer cuidados e propriedade. Admitido o clichê, conversar é uma arte. E pode ser aprendida.
- Muitos se esquecem de que conversar é envolver com palavras, e não só comunicar assertivamente suas metas, seus desejos e pontos de vista. Dar um “bom dia”, comentar uma opinião ou repartir um bombom, tudo pode iniciar um relacionamento. Mas aproximar-se significa trazer para perto de si. Deve haver lugar para o outro – explica Luís Sérgio Lico, mestre em filosofia e conselheiro empresarial.
Mesmo numa época em que muito se pode dizer dependendo das circunstâncias, o estatuto da conversa já é visto como problemático. Para especialistas, saber conversar virou carência retórica nos centros urbanos, em que as situações de encontro são cada vez mais mediadas e formais. Hoje, até para um reles papo, podemos estar carentes de orientação.
Segundo Lílian Ghiuro Passarelli, vice-coordenadora do curso de Letras da PUC-SP, o princípio mais geral que se espera num diálogo é o da cooperação: a conversa deve construir uma cumplicidade entre seres diferentes.
O princípio cooperativo é ideia cara ao filósofo inglês Herbert Paul Grice (1913-1988), seu maior teorizador. O falante, diz Grice, é cooperativo se informa tudo o que seu interlocutor necessita para entendê-lo, sua contribuição é tão informativa quanto desejada e a intenção por trás de suas palavras fica evidente, sem segundas intenções camufladas.
Princípio geral
O linguista russo Mikhail Bakhtin (1895-1975) dizia que a interação verbal é a realidade fundamental da linguagem, um gênero primário a todos os outros. Cada palavra emitida é determinada tanto pelo fato de que procede como de ser dirigida a alguém. Contemporâneo de Bakhtin, Grice postulou que uma boa conversa tende a ser governada por princípios que compreendem máximas, em quatro categorias:
- Quantidade:
a) que sua participação seja tão informativa quanto o requerido pelos propósitos da conversa;
b) não seja mais informativo que o requerido.

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