A História acontece como tragédia e se repete enquanto farsa. Karl Marx. 18 brumário

sábado, 13 de março de 2010

déjà vu

Cidadania.com - UOL Blog

Déjà vu eleitoral
Déjà vu é uma expressão francesa que significa “já visto”. Trata-se de uma reação psicológica na qual o indivíduo intui que já vivenciou uma situação ou que já esteve em algum lugar, muitas vezes sem se dar conta disso racionalmente.
Não é preciso ser sociólogo ou psicanalista ou vidente para ter certeza de que cada brasileiro ao menos intui que a chuva de denúncias contra o PT, que eclodiu da semana passada para cá, guarda relação com o processo eleitoral de 2010.
Tenho absoluta certeza de que a maioria atribui às eleições o massacre acusatório a Lula, a Dilma e ao PT simplesmente porque, nos últimos vinte anos, eleição, no Brasil, é sempre assim.
Quantas vezes, este e outros blogs, disseram que viria um noticiário como o deste sábado? Era previsível e esperado. A mim, parece mais desespero do que tática, aliás. As manchetes são sintomáticas:
Veja: “Caiu a casa do tesoureiro do PT”
O Estado de São Paulo: “Lula inaugura obra inacabada e suspeita”
Folha de São Paulo: “Lula admite que Jefferson o alertou sobre mensalão”
Qual é a diferença para 2006, além de que não será Lula o candidato a disputar com o anti-Lula de plantão? Por que, desta vez, daria certo a surrada estratégia eleitoral da direita? Aliás, note-se que até ressuscitaram o “mensalão do PT”.
Só que, agora, a tática será muito menos eficaz, ainda que, no século XXI, jamais tenha tido maior eficácia. Ataques como o da Veja, baseados em meras acusações sem provas, sucedem a destruição do DEM-PFL. E, agora, a economia está bombando. As pessoas estão muito mais satisfeitas com o país.
As manchetes condenam os adversários políticos dos jornais e revista supra mencionados, entre outros, mas a Justiça, que é só quem pode condenar, diz que não há provas para tanto.
O despacho do juiz que julgou a ofensiva do partidarizado Ministério Público de São Paulo contra o “tesoureiro do PT” citado na capa da última edição da Veja, é muito claro. Revisemos o que disse o magistrado, pois:
“Não se pode desconsiderar a repercussão política que a presente investigação passou a ter a partir do momento em que o teor do requerimento do Ministério Público (...) veio a ser divulgado pela imprensa no último final de semana, antes mesmo que fosse apresentado em juízo.
(...)
Faltando cerca de apenas sete meses para as eleições presidenciais, uma das pessoas de quem foi requerida a quebra de sigilo (João Vaccari Neto) estaria sendo indicado como possível integrante da equipe de campanha da virtual candidata do partido atualmente ocupante da Presidência da República.
Tal contexto, porém, apenas reforça ainda mais a necessidade de cautela e rigor no exame dos requerimentos formulados, justamente para que tal atmosfera política não venha a contaminar a presente investigação ou, noutro sentido, que esta não venha a ser utilizada por terceiros para manipulação da opinião pública por propósitos políticos(...)
É preciso dizer mais alguma coisa? Poderia ser mais clara a acusação de um magistrado de que esses meios de comunicação estão fazendo uso político de uma denúncia sem provas?
Aliás, não me surpreenderei se o juiz Carlos Eduardo Lora Franco, autor do despacho reproduzido parcialmente acima, sofrer alguma acusação da mídia.
Mas estamos falando da Justiça. Por mais que ela possa ser instrumentalizada em instâncias regionais – nas quais os partidos de direita mantém uma ascendência construída ao longo do regime militar –, cedo ou tarde, nas instâncias superiores, a normalidade jurídica será reposta.
Mas o que interessa, nesse processo, é menos a Justiça do que o conjunto da sociedade. A maioria dos brasileiros, a meu ver, está vacinada.
O que importa é o que sentimos de concreto em nossas vidas. Essa tática de preservar Serra das montanhas de acusações que há contra ele enquanto se acusa seus dois principais adversários (Lula e Dilma), não funcionará. Tenho certeza absoluta.
Desde a primeira campanha eleitoral à Presidência da República depois do fim do regime militar – e lá se vão mais de vinte anos –, a tática é a mesma. Mas ela parou de funcionar em 2002...
A mídia de Serra está produzindo um Déjà vu eleitoral. Deve estar sendo fortíssima a sensação da sociedade de que a velha tática tucano-pefelê-midiática volta a ser usada. E quanto mais este processo eleitoral se parecer com os anteriores, melhor.

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